Durante a campanha eleitoral foram produzidas dezenas de declarações e notícias sobre escutas, ligando-as ao nome do Presidente da República. E, no entanto, não existe em nenhuma declaração ou escrito do Presidente, qualquer referência a escutas ou a algo com significado semelhante. Desafio qualquer um a verificar o que acabo de dizer.
E tudo isto sendo sabido que a Presidência da República é um órgão unipessoal e que só o Presidente fala em nome dele ou então os seus chefes da Casa Civil ou da Casa Militar. Porquê toda esta manipulação?
Transmito-vos, a título excepcional, porque as circunstâncias o exigem, a minha interpretação dos casos. Outros poderão pensar de forma diferentes, mas os portugueses têm o direito de saber o que pensou e o que continua a pensar o Presidente da República.
Durante o mês de Agosto, na minha casa no Algarve, quando dedicava boa parte do meu tempo à análise dos diplomas que levei comigo para efeitos de promulgação, fui surpreendido com declarações de destacadas personalidades do partido do Governo, exigindo do Presidente da República que interrompesse as férias e viesse falar da participação de membros da sua Casa Civil na elaboração do programa do PSD, o que, de acordo com informação que me foi prestada, era mentira.
E não tenho conhecimento, de que no tempo dos Presidentes que me antecederam no cargo, os membros das respectivas casas civis tenham sido limitados na sua liberdade cívica, incluindo contactos com os partidos a que pertenciam.
Considerei graves aquelas declarações: um tipo de ultimato ao Presidente da República.
A leitura pessoal que fiz dessas declarações foi a seguinte. Normalmente não revelo a leitura pessoal que faço de declarações de políticas, mas, nas presentes circunstâncias sou forçado a abrir uma excepção.
Pretendia-se, quanto a mim, alcançar dois objectivos, com aquelas declarações: primeiro, puxar o Presidente para a luta político-partidária, encostando-o ao PSD, apesar de todos saberem que eu, pela minha maneira de ser, sou particularmente rigoroso na isenção em relação a todas as forças partidárias; segundo, desviar as atenções do debate eleitoral das questões que realmente preocupavam os cidadãos.
Foi esta a minha leitura. E, nesse sentido, produzi uma declarações durante a visita à aldeia de Querença, no concelho de Loulé, no dia 28 de Agosto. Muito do que depois foi dito ou escrito envolvendo o meu nome, interpretei-o como visando aqueles dois objectivos. Incluindo as interrogações que qualquer cidadão pode fazer sobre como aqueles políticos sabiam dos paços dados por membros da Casa Civil da Presidência da República. Incluindo mesmo as interrogações atribuídas a um membro da minha casa Civil, de que não tive conhecimento prévio e que tenho dúvidas, que naqueles termos exactos, tenham sido produzidas.
Mas, onde está o crime de alguém, a título pessoal, se interrogar sobre a razão das declarações políticas de outrem? Repito, para mim tudo não passava de tentativas de consolidar os dois objectivos já referidos: colar o Presidente ao PSD e desviar as atenções.
A mesma leitura fiz da publicação num jornal diário de um mail, velho de 17 meses, trocado entre jornalistas de um outro diário sobre um assessor do gabinete do primeiro-ministro, que esteve presente durante a visita que efectuei à Madeira em Abril de 2008. Desconhecia totalmente a existência do conteúdo do referido e-mail e, pessoalmente, tenho sérias dúvidas, repito, tenho sérias dúvidas da veracidade das declarações nele contidas.
Não conheço o assessor do primeiro-ministro nele referido, não sei com quem falou, não sei o que viu ou ouviu na visita à Madeira. Se disso fez ou não relatos a alguém. Sobre mim próprio teria pouco a revelar, que não fosse de todo explícito e, por isso, não atribui qualquer importância à sua presença quando soube que tinha acompanhado a minha visita à Madeira.
E tudo isto sendo sabido que a Presidência da República é um órgão unipessoal e que só o Presidente fala em nome dele ou então os seus chefes da Casa Civil ou da Casa Militar. Porquê toda esta manipulação?
Transmito-vos, a título excepcional, porque as circunstâncias o exigem, a minha interpretação dos casos. Outros poderão pensar de forma diferentes, mas os portugueses têm o direito de saber o que pensou e o que continua a pensar o Presidente da República.
Durante o mês de Agosto, na minha casa no Algarve, quando dedicava boa parte do meu tempo à análise dos diplomas que levei comigo para efeitos de promulgação, fui surpreendido com declarações de destacadas personalidades do partido do Governo, exigindo do Presidente da República que interrompesse as férias e viesse falar da participação de membros da sua Casa Civil na elaboração do programa do PSD, o que, de acordo com informação que me foi prestada, era mentira.
E não tenho conhecimento, de que no tempo dos Presidentes que me antecederam no cargo, os membros das respectivas casas civis tenham sido limitados na sua liberdade cívica, incluindo contactos com os partidos a que pertenciam.
Considerei graves aquelas declarações: um tipo de ultimato ao Presidente da República.
A leitura pessoal que fiz dessas declarações foi a seguinte. Normalmente não revelo a leitura pessoal que faço de declarações de políticas, mas, nas presentes circunstâncias sou forçado a abrir uma excepção.
Pretendia-se, quanto a mim, alcançar dois objectivos, com aquelas declarações: primeiro, puxar o Presidente para a luta político-partidária, encostando-o ao PSD, apesar de todos saberem que eu, pela minha maneira de ser, sou particularmente rigoroso na isenção em relação a todas as forças partidárias; segundo, desviar as atenções do debate eleitoral das questões que realmente preocupavam os cidadãos.
Foi esta a minha leitura. E, nesse sentido, produzi uma declarações durante a visita à aldeia de Querença, no concelho de Loulé, no dia 28 de Agosto. Muito do que depois foi dito ou escrito envolvendo o meu nome, interpretei-o como visando aqueles dois objectivos. Incluindo as interrogações que qualquer cidadão pode fazer sobre como aqueles políticos sabiam dos paços dados por membros da Casa Civil da Presidência da República. Incluindo mesmo as interrogações atribuídas a um membro da minha casa Civil, de que não tive conhecimento prévio e que tenho dúvidas, que naqueles termos exactos, tenham sido produzidas.
Mas, onde está o crime de alguém, a título pessoal, se interrogar sobre a razão das declarações políticas de outrem? Repito, para mim tudo não passava de tentativas de consolidar os dois objectivos já referidos: colar o Presidente ao PSD e desviar as atenções.
A mesma leitura fiz da publicação num jornal diário de um mail, velho de 17 meses, trocado entre jornalistas de um outro diário sobre um assessor do gabinete do primeiro-ministro, que esteve presente durante a visita que efectuei à Madeira em Abril de 2008. Desconhecia totalmente a existência do conteúdo do referido e-mail e, pessoalmente, tenho sérias dúvidas, repito, tenho sérias dúvidas da veracidade das declarações nele contidas.
Não conheço o assessor do primeiro-ministro nele referido, não sei com quem falou, não sei o que viu ou ouviu na visita à Madeira. Se disso fez ou não relatos a alguém. Sobre mim próprio teria pouco a revelar, que não fosse de todo explícito e, por isso, não atribui qualquer importância à sua presença quando soube que tinha acompanhado a minha visita à Madeira.
«A primeira interrogação que fiz a mim próprio quando tive conhecimento da publicação do e-mail foi a seguinte: Porque é que é publicado agora, a uma semana do acto eleitoral, quando já passaram 17 meses?
Liguei imediatamente a publicação do e-mail aos objectivos visados pelas declarações produzidas em meados de Agosto. E, pessoalmente, confesso que não consigo ver bem onde está o crime de um cidadão, mesmo que seja membro do staff da Casa Civil do Presidente , ter sentimentos de desconfiança ou de outra natureza em relação a atitudes de outras pessoas, mas o e-mail publicado deixava dúvida na opinião pública sobre se teria sido violada uma regra básica que funciona na Presidência da República.
Ninguém está autorizado a falar em nome do Presidente da República, a não ser os seus chefes da Casa Civil e Militar. E embora me tenha sido garantido que tal não aconteceu, eu não podia deixar que a dúvida permanecesse. Foi por isso, e só por isso, que procedi a alterações na minha Casa Civil.
A segunda interrogação que a publicação do referido e-mail me suscitou foi a seguinte: será possível alguém do exterior entrar no meu computador e conhecer os meus e-mails? Estará a informação confidencial contida nos computadores da Presidência da República suficientemente protegida? Foi para esclarecer esta questão que hoje, precisamente hoje, que ouvi várias entidades com responsabilidade na área da segurança.
Fiquei a saber que existem vulnerabilidades e pedi que se estudasse a forma de as reduzir.
O Presidente da República tem, às vezes, de enfrentar problemas bem difíceis. Assistir a graves manipulações, mas tem de ser capaz de resistir, em nome do que considera ser o superior interesse nacional. Mesmo que isso lhe possa causar custos pessoais. Para mim Portugal está primeiro.
O Presidente da República não cede a pressões, nem se deixa condicionar seja por quem for. Foi por isso que entendi dever manter-me em silêncio durante a campanha eleitoral. Agora, passada a disputa eleitoral, e porque considero que foram ultrapassados os limites do tolerável e da decência, espero que os portugueses compreendam que fui forçado, fui forçado a fazer algo que não costumo fazer: partilhar convosco, em público, a interpretação que fiz sobre um assunto que inundou a comunicação social durante vários dias sem que alguma vez, sem que alguma vez a ele me tenha referido directa ou indirectamente.»
Liguei imediatamente a publicação do e-mail aos objectivos visados pelas declarações produzidas em meados de Agosto. E, pessoalmente, confesso que não consigo ver bem onde está o crime de um cidadão, mesmo que seja membro do staff da Casa Civil do Presidente , ter sentimentos de desconfiança ou de outra natureza em relação a atitudes de outras pessoas, mas o e-mail publicado deixava dúvida na opinião pública sobre se teria sido violada uma regra básica que funciona na Presidência da República.
Ninguém está autorizado a falar em nome do Presidente da República, a não ser os seus chefes da Casa Civil e Militar. E embora me tenha sido garantido que tal não aconteceu, eu não podia deixar que a dúvida permanecesse. Foi por isso, e só por isso, que procedi a alterações na minha Casa Civil.
A segunda interrogação que a publicação do referido e-mail me suscitou foi a seguinte: será possível alguém do exterior entrar no meu computador e conhecer os meus e-mails? Estará a informação confidencial contida nos computadores da Presidência da República suficientemente protegida? Foi para esclarecer esta questão que hoje, precisamente hoje, que ouvi várias entidades com responsabilidade na área da segurança.
Fiquei a saber que existem vulnerabilidades e pedi que se estudasse a forma de as reduzir.
O Presidente da República tem, às vezes, de enfrentar problemas bem difíceis. Assistir a graves manipulações, mas tem de ser capaz de resistir, em nome do que considera ser o superior interesse nacional. Mesmo que isso lhe possa causar custos pessoais. Para mim Portugal está primeiro.
O Presidente da República não cede a pressões, nem se deixa condicionar seja por quem for. Foi por isso que entendi dever manter-me em silêncio durante a campanha eleitoral. Agora, passada a disputa eleitoral, e porque considero que foram ultrapassados os limites do tolerável e da decência, espero que os portugueses compreendam que fui forçado, fui forçado a fazer algo que não costumo fazer: partilhar convosco, em público, a interpretação que fiz sobre um assunto que inundou a comunicação social durante vários dias sem que alguma vez, sem que alguma vez a ele me tenha referido directa ou indirectamente.»