quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Que mais é preciso para os Portugueses entenderem?

Nos últimos 4 anos, o nível de vida dos portugueses praticamente estagnou face à média europeia, tendo passado de 74.6% em 2004 para 75.5% em 2008; no mesmo período, o défice externo subiu de 6.1% do PIB para 10.5% e a dívida externa disparou de 64% do PIB para 97.2%, tendo o endividamento das famílias e das empresas subido, entre 2004 e 2008, de 80% para 96% do PIB, e de 116% para 140% do PIB, respectivamente.
A produtividade do trabalho, apesar de uma evolução marginalmente positiva (67% da média europeia em 2004, 70.6% em 2008), continua bastante aquém do que seria necessário), e o número de desempregados aumentou em mais de 100 mil, tendo ultrapassado, pela primeira vez no segundo trimestre de 2009 a fasquia de 500 mil indivíduos. A taxa de desemprego já se situa em 9.1% da população activa, o pior resultado em 23 anos (9.3% no primeiro trimestre de 1986).
O défice público, que atingia 3.4% do PIB em 2004, foi reduzido para 2.6% em 2008 – acima do défice projectado pelo Governo, de 2.2% – à custa da quebra do investimento público (-1 ponto percentual do PIB) e do aumento da carga fiscal (que passou de 34.9% para 37.5% do PIB), pois os gastos correntes do Estado, excluindo juros da dívida pública, até aumentaram (encontram-se em 40.3% do PIB, contra 39.3% em 2004): uma evolução não sustentável. Acresce que, excluindo receitas extraordinárias (não repetíveis), resultantes do alargamento do prazo de concessão das barragens já existentes, de novos contratos de concessão para barragens ainda não construída e de concessões no sector rodoviário, que no total ascenderam a EUR 1845 milhões (ou 1.1% do PIB), o défice público de 2008 ter-se-ia situado em 3.7%.
Assim sendo, face ao que sucedia há 4 anos atrás, Portugal é, hoje, um país que praticamente não convergiu para o rendimento médio europeu, está mais endividado e menos competitivo – uma situação que não se deve à crise internacional que atravessamos (que afecta a economia global), mas sim às debilidades estruturais internas, que tardam em ser combatidas como deviam.
Fonte: Instituto Sá Carneiro

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